segunda-feira, 15 de setembro de 2008

#21 Fernando Pinto do Amaral

«AS TIME GOES BY»

Fizera uma promessa: ir ao encontro
de uma estranha miragem, mal sabia
porquê -- pedia apenas
«qualcosa da bere». Seria ridículo
ensinar truques ao destino, ouvir
a fala de um só deus. Ficava ali
sob o antigo temor
da beleza,
sob o poder da noite. Ousadias, receios,
tudo parecia igual.

Luminosos golfinhos sorriam,
enfeitavam o cais, esse caos
reflectido nos seus olhos. Sim,
talvez fosse esse rosto a construir
o decorrer do tempo, um sentimento
em música de fundo -- esplanadas
ao longo de palmeiras, a caminho
da maior solidão. Em San Remo
há mais de «cinco esquinas» e o Frágil
desaparecera noutro mar, submerso
em «prazer e glória» -- «a fight for love
and glory». A Agustina
tem deveras razão, é necessário
o sofrimento. Ainda bem
que as promessas não são para cumprir
e há uma porta aberta sobre a água.

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