sábado, 30 de agosto de 2008

#16 - Levi Condinho

O VELHO AMOR


Nem sempre um saxofone anuncia a Páscoa
mas por aqui se sobem descendo
as curvas e contracurvas da senda
que a um calvário conduz serpenteando
contra o martírio a cruz os cravos os espinhos
a senda da radiosa e branca alegria
da alegria de anunciações matinais
-- nocturna seja a música --
pois também naqueles lábios Deus habitou
os de Julian Adderley -- recuso dizer Cannonball
-- alegria é paz
-- alegria é luz
e mais recuso a calúnia de blasfemo


nem sempre um saxofone foi obra do diabo
também o diabo celebrará a Páscoa
daquele que tentou sem vencer
desistindo -- vade retro -- pela fuga
ou por um excesso de amor magoado incompreendido
(oh vilipendiado Lúcifer)

jazz não é chaga sulfúrea de vício lúgubre
senão vede o coração pulsando
copulando no contrabaixo
grande esquife mugidor generoso corpo/caixa
vede pés e mão do baterista como esfregam
a matéria levitante
entre o éter e o sangue
buscando conciliação por dentro do tempo cerrado
(matemática linear paramentada em artifícios)


que mais poderia Deus querer
na grande falta da sua completa solidão
senão esta invenção pascal do jazz
para o fim do seu imenso tédio

1 comentário:

ORLANDO BROGUEIRA ROLO disse...

Meu caro Levi Condinho,

Eu só escrevo por engano…
E quando estou cansado.

Nem os impulsos da vida me arrastam,
Nem os tempos de espera tão pouco…

Às vezes a vida pesa,
Cansado ou não,
Por vezes, talvez, às vezes, não!

Quando quero fugir das fôrmas da ilusão,
Dos moldes em que fui amassado,
Desespero!

Preciso daquele canto, um cantinho só,
Onde me esconder para repousar.
Ou escrever…

Um cantinho minúsculo
À escala do meu pequenino universo
Onde me sinta EU.

Hoje, como ao meu costume, madruguei,
E ao contrário dos meus hábitos certinhos,
Não trabalhei!!!

Vagueei, vagueei, vagueei…
E fui parar ao Mundo Blog da Escrita
E “encontrei” o Zé Francisco e o Levi Condinho.

Não sou um artista da pena, diga-se, escrevo por acaso
Quando estou cansado,
Cansado, cansado, só.

Não como aquela geração de cansados ou vencidos da vida,
Diletantemente cansados
Com tempo para estarem cansados.

Não me vejo assim:
Olho em redor
E nem tudo me cansa.

Mas o meu cansaço,
Que me empapa, profundo,
Não me toca campainhas, no ser,

Mas leva-me a divagar,
A escrever,
Sobre qualquer coisa!
À vista!

Até mais ver! Não!
Afinal tinha que ver com dois livros que vos quero oferecer!!!

E preciso da morada para os remeter!!!

Telefone-me, por favor!!!
962030301

Um abraço do
amigo
Orlando Rolo