domingo, 1 de fevereiro de 2009

#35 - Levi Condinho

RANHURAS


Ranhuras no sótão
rascunhos na gaveta tarde na noite só
dormem todos e estão bem enquanto dormem
há uma nódoa negra no Alentejo
como podia ser a minha camisa inocente
um voo planante e redondo de andorinha
uma pobre coruja nunca socializada
na pérfida mente da Humanidade
ranhuras na alma silvo de comboio de ferro
rasgar do vinho nas tripas iradas
o fato branco do objector de consciência na arca
e a tristeza da boina vermelha
de um enorme campónio feito comando dos infernos
um jovem saturado de heroína
à espera do Lou Reed que o não salvará
porque "só há saída pelo fundo" (Cristovam Pavia)


Bach regressa sempre como se fora Deus

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